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@monteiro4852 #51

O Galo agora já é passado. Que venha o futuro.

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Boteco connection #5 — O (mau) cheiro da mudança

Pode não ser muito fácil, pelo menos não para a maioria, o sujeito parar e se perguntar o que mudou num determinado espaço de tempo. Ainda mais numa época em que a cada dois minutos tudo pode estar muito, muito diferente. E se a gente vê dificuldade neste questionamento, como esperar que haja chance — pelo menos para um ou outro maluco — de entender transformações que se construíram por, digamos, duas décadas? Fica difícil, no mínimo, por conta da quantidade de detalhes que podem ter se acumulado ao longo de um período assim tão grande. Né?

Porque, sim, é um período muito grande. Ou ainda é. Mesmo que haja esta velocidade toda, hoje em dia, e essa relativização incessante para qualquer assunto/questão. Tá: mesmo 20 anos atrás, tudo podia mudar em dois minutos. Mas talvez pouca coisa mudasse assim tão rápido. Ao contrário do que (pode) acontece(r) hoje. As mudanças são cada vez mais velozes e assustadoras talvez porque sejam fruto/desdobramento umas das outras. O mundo está pegando embalo. Onde isso vai parar? Isso vai parar? Desacelerar é possível/necessário? Mudança é um troço que se retroalimenta?

Por falar em necessidade, está rolando neste momento o 1.876.987° curso online que oferece a quem teme a fome a chance de entender o “mercado” e se reajustar/reorganizar para voltar a ganhar dinheiro logo agora, antes do fim da pandemia. Vai ser rápido. E pode fazer o pobre ainda resistente aceitar que os balcões de boteco mudaram. E que se, duas décadas atrás, ninguém sequer imaginava que existiria uma coisa chamada “grab’n’go”, isso hoje é uma realidade. Que pode mudar em dois minutos, claro. Mas é realidade…

Uma “prova” da capacidade que as coisas têm de mudar é este texto. Você até pode desdenhar: “Ah, é só uma provinha…” Mas, no início, mesmo sem que se soubesse para onde iria a prosa, não existia ainda nenhuma poeira que parecesse ser capaz de encaixá-lo na série Boteco Connection. Mas nada é garantido, os cursos online estão aí para reafirmar isso (e que tudo depende de planilhas, metas e organização). Pode ser que tudo mude ainda mais. Se vai ser possível entender, aí, são outros quinhentos. Ninguém disse que ia ser fácil.

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Nick cria. Nick carimba. Nick vende

Será que encomendar alguma coisa do Nick Cave garante um happy-end? Ele é o CEO, funcionário do mês e o que mais houver de título por aí para fazer bombar o Cave Things. A gente que se acostumou a ver roqueiros velhos declarando que vender camisetas é mais proveitoso do que vender álbuns tem, agora, a chance de comprovar que vender bonequinhos, pôsteres, correntinhas, e outras tralhas fofas pode garantir o pagamento do aluguel de uma estrela do rock no Hemisfério Norte.

Cave aparece datilografando, carimbando, assinando coisas para deixar a gente com água na boca, mas… Mas você corre o risco de querer vencer o trauma de perder um bolachão no buraco negro dos correios e dar de cara com custos estratosféricos de envio. Estratosféricos, isso mesmo. O que dizer de um pôster que custa 10 pratas mas que, na hora de calcular o envio, faz o preço total saltar para 32 pratas? Pratas gringas, ainda por cima.

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A dor de perder um disco…

Um momento música de acampamento. Assim é “Sketch of light“. Capaz de fazer você imaginar um ex-SY em frente a uma fogueira, com um violão de aço… Prepare-se para uma daquelas introduções demoradas, do tipo que levam a gente até um passado que nem é tão distante mas que, pela velocidade como as coisas andam acontecendo, sugerem um hiato de sei lá 200 anos (?). E olha que Sonic Youth tinha um pouco a ver com “velocidade”, hein? Agora, “Sketch of light” faz a gente acreditar estar diante de um certo vovô Thurston, na jogada. É, porque apesar de aparecer posando em fotos com Iggy Pop ele não parece ter se transformado no monstro pop que dona Kim desenhou naquele livro dela. De volta à música: não era introdução, era uma instrumental mesmo.

A sugestão é a gente ficar mesmo com o sketch, com o rascunho, porque comprar vinil está muito caro e muito arriscado. Este sujeito aqui do outro lado da tela amargou uma perda, recentemente, ao apostar na encomenda do 12 polegadas do vovô Moore. Nunca houve um cara tocando a campainha para avisar que “By the fire” estava chegando. Aí, agora, nessa internetência de meu Deus, surge um consolo. É um consolo. Lento. Sem voz, como se ele não tivesse o que dizer pelo bolachão que nunca chegou…

A solução, como já pregava nosso amigo Zé Sem Nome, é o Bandcamp. Lá, você ouve “Sketch of light” e outras coisas mais frescas do ex-/sempre- Sonic Youth. Tem por exemplo “7/7/77“, dele com (o guitarrista e DJ) Zac Davis, que é um mergulho naquela agonia noise de antigamente. ZD já tinha trabalhando com grampa Moore e outros integrantes do SY, ao longo da década passada, quase sempre ensopado por esse molho noisey do fim do século 20. Alguns caras parecem congelados no tempo e são muito atuais por isso. “7/7/77” é um desafio para qualquer ouvinte, mesmo fã dos trabalhos antigos dos artistas em questão.

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@monteiro4852 #50

Um galo!

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Mameluco Canibal

Uma loucura leva à outra. Teve essa história de o Junior Abreu participar daquele single do Zé Sem Nome e logo na sequência ele lançou também uma parada novinha: “Só pro teu dia alegrar”, com o Diego Cruz, com quem forma o Mameluco Canibal. Outra onda.

Nesse caso, é bem mais fácil entender a letra: “sou capaz de tudo até mover o muro / só pro teu dia alegrar / corro riscos, enfrento o mundo / só pro teu dia alegrar / dou nó em pingo d`água / só pro teu dia alegrar / enfeito noites com castelos / pinto de cores todo o resto / só pro teu dia alegrar / finjo paz quando há guerra / acalanto as noites de trevas”.

Dá pra chamar de muitas coisas, isso aí. Clipe feito com o celular. Música de estreia. Guitarras cremosas. Dá até pra correr o risco de dizer que Abreu e Cruz estão lidando com o grande combustível da música pop. Aquele papo de amor, sabe qual é? Em tempos pandêmicos, um ingrediente assim, pros mais ranzinzas, pode parecer ainda mais piegas. Mas a dupla aperta o bom e velho botão do F… “F” de “fazer”, sacou?

Cruz (esq.) e Abreu fazem de tudo pra alegrar o dia de alguém
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Cheiro de diversão, digo, treta

O Zé continua Sem Nome e Em Forma. Deu à luz “Cheiro de treta”, faixa que vem com participação dos ilustres Junior Abreu e Marco Homobono. O lance nasceu, segundo Zé Felipe, a.k.a. ZSN, porque “o pessoal dum coletivo lá de Curitiba pediu uma inédita pruma coletânea”. Quer dizer: em Curitiba há, sim, pessoas a quem devemos agradecer por alguma coisa.

Você passa um tempo sem ouvir o clássico “Parece Rap” e este distanciamento te dá — se ainda não tinha certeza — o que é preciso para concluir que, sim, se trata(va) de um troço muito louco e muito bom. “Cheiro de treta” mantém o nervosismo, uma avalanche de palavras que não é um simples caô verborrágico, mas, sim, a tradução de uma postura (somente sonora?) peituda de quem parece estar chamando o ouvinte para uma porrada.

Seguir a letra requer concentração. Dá para identificar um refrão, ali, mas vai transcrever, na intenção de fazer uma texto-resenha. Dá pra sacar bem o coro com as respostas do Homobono e do Abreu, quase construindo a cena de um baile funk-charme apocalíptico. Vai; tenta, aí. “Cheiro de treta no ar, acho melhor nem falar nisso, a gente zoa e pede desculpa, (…) uns passinho e vamos dançar…”

Tudo pautado por um certo desprendimento, um descompromisso, uma leveza que tempera a música com “atitude” e revela uma poesia mucho-mucho-loka. Pode rir. Porque o Zé é isso, é pra te fazer rir. Te divertir. E fazer pensar. Pelo menos um pouco. Elaborar, sabe? Se não for pra isso, melhor procurar alguém “com nome”, correndo o risco de perder toda uma diversão.

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Boteco connection #4 — Vender cerveja requer paciência

Era fácil encontrar um traço de saudade, em qualquer crônica que se embrenhasse por botecos. Goró é a droga “permitida”, então, pra muita gente, é sobre ele/ela que se deve/pode escrever. E sobre a relação entre isso e os desdobramentos que podem surgir nas vidas de quem está em volta. Quando o assunto é uma desgraça, porque todo mundo sabe que o álcool provoca muita tragédia, aí a gente não chama de crônica e esquece das vezes em que celebramos a “permissão” que reina por aí. Para quem pode, é bom esquecer.

Antigamente, tinha aquela possibilidade de piada, que era o cara dizer “sou maior e vacinado”, o que parecia deixar clara uma certa “permissão” para pequenas (e às vezes grandes) ousadias. Agora, com a escassez de doses contra o Covid-19, não faz muito sentido recorrer a essa alegoria. E marcar ponto nos botecos envolve um certo risco. Tem isso, também. Risco de vida, pode-se dizer, porque estamos falando da possibilidade de contágio. Não é todo mundo que pode correr tal risco…

Mas os balcões e seus atendentes-terapeutas seguem resistindo. Neste momento, aqui em frente ao escriba, há um desenrolo desses que fazem o calouro querer prestar atenção em todos os detalhes. Vale dizer “calouro” porque, para quem já conhece ao menos de vista o personagem que está ali em ação, sabe que a conversinha picareta se repete sempre e não leva a lugar nenhum. Vender cerveja requer doses gigantescas de paciência.

Mas uma série de promessas/esporros e desculpas, repetidas diversas vezes, seguidas por intervalos com suor, caras-vermelhas e confissões quase choronas merece registro. Enquanto se puder fazer isso dando a outrem uma provinha do gosto que há nesta brincadeira, que se faça. Vamos aproveitar as permissões que temos. Mas com responsabilidade. E antes que seja tarde.

Uma piada não precisa ser repetida inconsciente e insistentemente para correr o risco de gerar risos amarelos. E amarelo não é problema. Nem vermelho. O problema hoje em dia é verde-e-amarelo, isso, sim.

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@monteiro4852 #49

Quase um Galo.

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@monteiro4852 #48

Essa falta de tempo desgraçada. E aquele papinho irritante de sempre de que a sorte é para os audaciosos. A gente precisa ser a cada dia mais forte. Já tomou a vacina, você? Já derrubou algum muro, hoje? Levantou alguma laje para garantir a feijoada? E algum copo, levantou?