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Quem cringe?

Explicar a moda pode ser mais difícil do que entender a estupidez. Tendência é coisa que um dia, quem sabe, vai parar de ser discutida. Pode nem estar longe, isso, porque continua perigoso ficar em mesa de bar, falando besteira e tentando entender a vida. Daqui a pouco, todo mundo desiste disso, dessa história de “entender”. Seja como for, “cringe” segue sendo a coisa que todos — de influencers a antigos “formadores de opinião” — parecem querer escrever/citar. Aliás, todos, não: todEs, né? Vamos brincar de “respeitar tendência”, já que é pra falar de uma, sempre correndo o risco da acusação de deboche. Quer coisa mais divertida?

Pode ser que com aquilo que chamam de “fim do período de retrogradação de Mercúrio”, que estava anunciado para ontem, não como tendência mas como, sei lá, fato, seja possível “mais comunicação e portanto mais entendimento”. Mas é bom ir com calma. Sem cringe, sem crise. Tipo vai ser tranquilo para lavar a louça do almoço, mas pensar na roupa suja são outros quinhentos. Deixe a roupa suja para depois. Siga a tendência que não põe em risco a tua vida. Tome vacina.

Ah, de repente, dá uma saudade de “Inverno sombrio”, d’Os Replicantes.

Tendência e publicidade se misturam? Ou se sustentam? Uma cria a outra? O que o carioca vai fazer com esse frio todo? O que a gente precisa fazer para frear o Tik Tok, pra eles pararem com aquele anúncio em que colocam uma menina para dançar, no quarto? O André Dahmer já fez tirinha falando de dançarinas de Tik Tok, os mais velhos já lembramos de Carla Perez e do É O Tcham. Já deu. O Tik Tok já pode parar. Alguém precisa parar o Tik Tok.

A menina aparece de shortinho, quase sempre de barriga de fora, às vezes de Mulher-Maravilha. Há sequências em que duas outras pessoas se anunciam, no filminho, como que interrompendo a dança da protagonista. Deve ser uma campanha para uma geração muito específica porque a gente que passou pelo medo da guerra nuclear não consegue fazer outra coisa que não seja se incomodar com aquilo. E odiar o Tik Tok. O Tik Tok é a prova de que publicidade pode funcionar muito bem com um nicho.

Vai ter quem diga que este escriba está frequentando ambientes virtuais “errados”. Nem é o caso. O caso de o escriba parar para ouvir isso. É o caso de os publicitários-marketeiros descolados e criativos e extremamente capazes de produzir com baixo custo segurarem a onda. O que nos resta de neurônio serve para lembrar que houve um momento ali na campanha do Trump em que uma “legião de tik tockers” zoou o republicano fazendo com que um comício fracassasse. Esquerdopatas de plantão aplaudimos. Mas agora chega. Ou… Zooom! Zapp! Punch! Cringe!