É engraçado ler o que pensam algumas pessoas sobre as estradas, essa história de que elas afastam e ao mesmo tempo aproximam. Quase dá vontade de rir, mas é um riso nervoso, vale dizer, já que tanto é possível considerar o caminho como tudo e ao mesmo tempo como nada. Tá bom, tá bom, vamos controlar o raul-seixismo, hoje. Mas, sim… Tem que passar por aí para concluir que, no fim das contas, não, nenhuma destas duas extremidades conta. Segure a onda. Sem cara de desprezo, ok? O que conta, então? Ah, acho que vamos demorar um pouco mais para saber. Se é que vamos chegar sequer perto. Um amigo acaba de dizer, agora, agora mesmo, que ontem para variar estava nesta avaliação do “todo”, numa daquelas tardes em que a gente joga xadrez com a gente mesmo, e somos nós contra a Morte, e acabou conseguindo fazer um zinão. O detalhe é que isso acabou se desenrolando num mergulho de 15 anos, porque ele foi até o início do século para garimpar as imagens com que trabalhou para apertar o botão da descarga de poesias. O botão de descarga de poesias é um recurso criado por esse amigo para libertar uma série de coisas escritas que ficam travadas em folhas de rascunho que quase que invariavelmente se perdem na casa que ele tem fora da cidade. E quando pinta esse papo de “fora da cidade” fica fácil voltar a pensar nas pessoas que falam sobre as estradas, as ligações, os passados, os presentes, os futuros que nunca foram tão incertos. Ah, tá, você não é boba nem nada, não chegou a falar dos futuros, conseguiu cuidar/escapar disso, deve ser o caso de agradecer ao ventinho da estrada, aquele que entra pela janela do carro, quando a gente alcança uma velocidade boa. Não que seja preciso um bagulho de quatro rodas e motor para aproveitar um ventinho: o amigo de fora da cidade consegue isso de bicicleta e às vezes sem sair do próprio quintal, quando ele leva para lá uma mesa portátil, canetas, pincéis e tintas vagabundas e, naquele caô de passados recheados de lembranças, acaba fazendo um zine. Tudo não passa de desculpa para revisitar o Centro e lamentar o fim de um monte de papelarias. As estradas, os ventos, os zines, os passados… são todos detalhes e costuras entre pessoas que nunca se conheceram direito, beberam menos do que desejaram, se abraçaram beeem menos do que mereciam, cozinharam demoradamente questões que nunca ficaram macias a ponto de serem digeridas adequadamente. E se até hoje não estão prontas para serem engolidas, estas questões, haja dente, haja maxilar, haja paciência, haja pandemia, haja exercício de alongamento, porque isso uma hora vai ter que acontecer. Haja estômago. E quando chegar esta hora, a dos acontecimentos que estão ali sendo chocados, vai ser um danado de um presente. E pode ser que ninguém esteja devidamente preparado para isso. E tudo bem se não estiver, porque isso é assim mesmo: a gente nunca está cem por centro para aguentar os duzentos por centro que desde sempre ameaçam desabar sobre a nossa cabeça. Em dias nublados, isso pode chegar a trezentos por cento. Então, é melhor não reclamar e seguir na direção da Luz. É o mínimo que pode fazer um candidato a Louco. As estradas estão aí pra isso.
Categoria: Arte
@monteiro4852 #20
Ontem, era Santa Cruz Sem Internet Da Serra e por isso AM não conseguiu mandar o desenho. Hoje, quando o negócio chegou, quase foi o caso de pensar duas vezes. O que será que a falta de conexão provocou no nosso grande amigo? Percorrer as linhas que ele escreveu no dia do incêndio da catedral faz a gente se perguntar por que rolou essa viagem no tempo. AM é um cara que provoca interrogações e, quase que invariavelmente, dá respostas que na verdade são outras… outras… outras interrogações. Se um colaborador não for ranzinza, um zine mesmo que na www perde a sua essência ranzinza. E parece que ninguém tá aqui pra facilitar nada. Pra se divertir, talvez. Pra facilitar, sei lá, quase dá pra apostar que não. AM sendo AM.
@monteiro4852 #19
Poucas palavras? Bastam poucas palavras, às vezes. Tipo quando alguém fala “Vamos beber uma!”
Panço, novinho
“Lancei clipe novo. Se pilhar, dá um look. Se pilhar muito, manda pra alguém.” Este é Leonardo Panço sendo Leonardo Panço.
@monteiro4852 #18
O tempo cada vez mais corrido. Era difícil, no fim das contas. O sol voltando a brilhar. Era amarelo, se não me engano. O isso-éramos dando lugar ao é-pra-já. Cama foi feita pra pular, esse negócio de dormir é atraso de vida…
@monteiro4852 #16
“Estamos apenas no início”, ele disse. Elas deram uma risada.
@monteiro4852 #15
“Rumo ao milhão”, disse hoje o Alberto. De vez em quando, todo mundo deve pensar: “Será que puseram alguma coisa na água?”
@monteiro4852 #14
Deve ter acontecido alguma coisa muito séria hoje em Santa Cruz da Serra. Alberto acordou mais tarde.
@monteiro4852 #13
Caramba, mestre Alberto trouxe cores, hoje. Como ele sabia que a gente precisava? Um abraço em público, parceiro, como acho que ainda não houve. Super axé pra você. Tamos aí.
@monteiro4852 #12
Perdemos quase dez minutos hoje só reclamando da falta de tempo. Ou de como o tempo corre. Na verdade, não sabemos bem sobre o que reclamávamos. Mas estamos certos agora de que jogamos uns bons minutos no lixo. O tempo e o lixo. Suspiramos, aqui. Suspire aí. Vamos voltar a falar disso. Amanhã. Se der tempo.