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@monteiro4852 #8

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Sinais

Cor-de-rosa, branco, verde, bege e azul. Uma mistura improvável que dá certo. Cabelos soltos, mostrando que estão maiores. Isso também dá certo. Um daqueles brincos de mandala, com arco, penas roxas, que chegam até o ombro e ficam batendo, ali, meio como uma maré. Um brinco-maré, taí. Maquiagem, de leve; como se precisasse daquilo para mostrar as maçãs do rosto, mas sem carregar demais, sem exagerar, delicadamente, pedindo licença. Parecendo mais magra do que estava, meses antes. Flores amarelas. Porta branca. Paredes meio cinzentas. Estante despretensiosa, sem aquele monte de livros que acabamos nos acostumamos a ver em vídeos. Um objeto que parecia uma luminária, lá atrás, tem um tom metálico, prateado mas fosco, sem chamar muito a atenção. O que será que tem dentro daquelas caixinhas de madeira, na mesinha?

Os movimentos com os braços, longe da helicopterização feroz dos candidatos a VJ de antigamente, sugerem algum ensaio anterior. Sabe bem o que faz com as mãos. Talvez tenham rolando uns 30 minutos de meditação. O jeito como olha para uma determinada direção… sei lá, pode ter alguma coisa escrita ali, na frente dela, mas isso não é nada. Quer dizer, de maneira nenhuma compromete a apresentação. O jeito como saem as palavras nos passa tanta, mas tanta segurança, que mesmo se você não está muito interessado no assunto é capaz de ficar ali, por horas. Horas mesmo. Se assistir ao programinha por quatro vezes, já passa de uma hora no total. São, sei lá, três histórias, em 15 minutos? Melhor ver mais uma vez. E as três, ou sei lá quantas histórias são, constroem um lance maior, que é a grande mensagem sendo compartilhada ali. Os detalhes são muitos, as histórias se misturam. Talvez nem dê pra dizer que são em tal número, talvez seja mais seguro informar que se trata de uma grande história e pronto.

Toda aquela preparação, o ambiente, o cabelo, a blusa, o roteiro escrito que a gente nunca vai ter certeza se rolou ou não mas podemos apostar que sim existiu, tudo isso, enfim, garante um espetáculo pelo qual mesmo o mais sovina dos rocha-mirandenses pagaria bons trocados para testemunhar. Mas um dos melhores detalhes de tudo é que a lição está ali para ser vista por geral, todo candidato a discípulo que tiver um computador ou telefone-esperto de hoje em dia, com um daqueles planos para acessar rede social, enfim, todo mundo pode ver a mestra em ação. Todo mundo tem a chance de fazer parte do grupo que vai dormir em dúvida sobre o que ela quis realmente dizer aos 4m37s quando citou o exemplo das velas que se apagam. Ou, o que é melhor, com a certeza de que ela estava falando sobre si mesma quando garantiu que basta uma mulher um pouco mais atenta para que as coisas não desandem numa negociação para o estabelecimento de responsabilidades numa parceria romântica. Isso foi ao 7m43s e é um dos melhores momentos da fala.

E quando ela solta um “Perdoem o meu francês mas… foda-se”!? Que firmeza. Que desprendimento. Foi como uma gingada, um movimento de Capoeira, com graça e muito certeiro, dado para derrubar quem estivesse na frente. Uma dose de raiva. Uma pitada de força. O cara já cai só de perceber o que vai ser atingido. Se ela segurasse o golpe, mesmo assim ele seria eficiente. “Peraí, esta frase é de uma outra aula, a de terça-feira, é tanta informação que qualquer um pode confundir tudo. Vamos ver de novo para não misturar as coisas.” Acaba sendo uma boa oportunidade para conferir se aparecem mesmo umas borboletas por volta dos 10m. Borboletas amarelas, é esta a impressão que dá. Passam bem rapidinho, pelo canto superior esquerdo da tela. E o mais legal é que são duas. Duas borboletas, gente. Quando é que você viu isso num vídeo? Não dá para ensaiar com borboletas. Aquilo foi um sinal.

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@monteiro4852 #5

Valeu, Alberto.

A gente tem que combinar aquele pastel de siri…

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Bart, Lisa e você aí

Tem um episódio (bem antigo) de “Os Simpsons” que é maravilhoso. A Lisa pergunta mais ou menos assim ao Bart: “Se uma árvore cai, no meio da floresta… isso fez barulho?” O pequeno capeta responde e ela ensina que, tipo, aquilo é uma questão filosófica, é uma frase/pergunta que permeia nossas vidas há séculos e “não tem uma resposta definitiva”. Para o pequeno garoto amarelo, parece ter resposta, sim. Talvez ele viva uma vida mais confortável que a da irmã. Que não é exatamente um anjo, mas está do lado oposto ao de Bart. O lado de quem “sofre”, talvez.

Seres humanos têm a sorte de poder contar com frases, filmes, livros que são capazes de tornar melhores as suas vidas. Não, não precisa ser livro daquele tipo lindamente (des)organizado, como os que aparecem atrás de muita gente que faz live. Ah, sim, hoje em dia, há também as lives no Instagram; mas isso é outra parada. Boas histórias e bons roteiros deixam a gente com um sorriso de satisfação e, se não chegam a ser um ensinamento, são vá lá um quase-ensinamento. O que já é muita coisa. Nesse sentido, “Los Angeles – Cidade proibida” (“L.A. confidential”, de 1997) merece ser citado. Uma frase muda o filme, explica ligações, provoca um “estalo” no mocinho. É, tem uma espécie de herói, mas dá pra perdoar isso em nome de um bom insight/script.

Na sequência, você pode ficar se perguntando que frases está deixando de entender, quais crimes foi incapaz de perceber, quantos lobos continuam ali do lado disfarçados. Não porque você é louco. Mas porque lobos, no sentido “mau cidadão, sujeito escroto” da palavra, existem. Estão nas reuniões de condomínio, nos agrupamentos de WhatsApp. Ah, nos grupos de WhatsApp, então, nem se fala. E é muito difícil enxotá-los.

Passamos horas e horas, mensagens e mensagens, esperando que se contradigam. Percebemos a astúcia e constatamos péssimas intenções em falas aparentemente cheias de boa vontade. Temos certeza de que planos horríveis estão em andamento e levarão todo o grupo a uma grande armadilha. O tempo passa, o candidato a herói continua sofrendo e aquela frase cinematográfica não vem. Não vem nem em hora errada, quanto mais no momento certo.

Aí, o que pode ser ainda pior, surge a desconfiança de que mesmo se surgir a frase não há plateia suficiente acompanhando com atenção a história para entender a grande revelação. Surgem dúvidas sobre o combustível gasto só para manter atenção nos enredos que nos cercam, na tentativa de sobreviver aos lobos, às árvores que caem na floresta, ao preço do milk shake ou da cerveja (que não para de subir). Nessa hora, muita gente pode sentir inveja do Bart Simpson. E com certa razão.

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@monteiro4852 #4

Boa terça-feira também pra você. Ó o Alberto Monteiro aí, ó.

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@monteiro4852 #3

Alberto Monteiro. Terça-feira é dia de Alberto Monteiro.

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@monteiro4852 #2

Alberto Monteiro na área.

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@monteiro4852 #1

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@monteiro4852

Alberto Monteiro é um dos grandes zineiros da geração que ficou conhecida como “Maudita”, com “u” mesmo. É do mesmo naipe de bambas como Fabio Zimbres, MZK, Lauro Roberto, Jaca. Produz loucamente, ainda mais agora, que largou o emprego que tinha para dedicar-se ao que mais gosta de fazer: desenhar e pintar. Já foi representado por uma grande galeria de SP. Já foi fã número um de Sonic Youth. Já foi viciado num rodízio de massas que funcionava no centro do Rio. Vive meio “isolado” (aquele papo de artista, né?), hoje em dia, em Santa Cruz da Serra, de onde sai com a camisa do Botafogo para um ou outro churrasco na casa de amigos. Já topou ser entrevistado, aqui para esta página, mas mesmo antes de isso acontecer começa a atuar como colaborador regular. Vai ser um desenho por semana, provavelmente recheado por sua muito particular maneira de escrever. Isso, até que decida voltar a andar de bicicleta, percorrendo longas distâncias — outra de suas paixões. A coluna vai ser batizada de “@monteiro4852”, sua conta de Instagram.