Uma ida à padaria da esquina — mesmo rápida, mesmo com máscara, ainda que na volta haja a inevitável supercamada de álcool em gel para com sorte desinfetar tudo ou pelo menos alguma coisa — pode ser melhor do que muitas lives no Instagram. Você tem a chance de descobrir coisas como uma “torcicóloga”. Isso. Mesmo com a curva que não se achata, as pessoas andam se falando de perto; falando bobagens. E fila do pão, que em certos horários continua existindo, segue sendo um ótimo lugar pra (saber d)isso.
Parece que se for pra ir à rua, melhor que seja com disposição pra falar besteira. Ou pelo menos ver e ouvir muito deste ingrediente. O que aquele pessoal jogando altinha, no fim de semana, na Joatinga, estava falando, enquanto as bolas desenhavam aqueles lindos arcos no ar para animar as rodas? Pode apostar: besteira. Nem dá pra dizer que insignificância (valeu, Google!) seja tudo que eles guardam na cabeça. Mas que, ali, naquele momento de irresponsabilidade-paradisíaca-cinematográfica, com certeza havia muita “besteira”, ah, sim, havia. Há quem depois de ver o vídeo com o “espetáculo” fale em “egoísmo” ou “maldade”, mas vamos ficar só na besteira. Ainda é segunda-feira.
O tempo é importantíssimo, no caminho da assunção. Mas não é tudo. Saturno sozinho não vai te fazer olhar no espelho e dizer: “Menino mau, sujeito descompensado!” Não garante que um mané vista a carapuça de mané. Mas que alguma ruminância faz diferença, ah, aí, sim, parece fazer. Passados três meses de isolamento, aconteceu hoje de um sujeito “confessar” diante de seus sei lá quantos seguidores, numa rede social, que votaria/votará em Luciano Huck. Será que estava na roda de altinha da Joatinga, ele?
E por falar em redes sociais, apareceu hoje uma mensagem de um centro qualquer de estudos americano. Estadunidenses teriam descoberto, recentemente, tipo de anteontem pra ontem, que é baixíssima a probabilidade de em “espaços abertos” ser apanhado pelo Covid. A gente aqui reclamando dos plays na praia e se pá eles só saíram depois de ler esta mensagem. Tudo bem que pode ser fake. Tudo pode ser falso, hoje em dia. Aquela personagem, a Falsyane, nunca esteve tão em alta, só que já não provoca (tantos) risos.
Falsyane, coitadinha, deve precisar recorrer com frequência a torcicólogos, para poder relaxar um pouco. É a desqualificação em pessoa, deve sofrer muitos ataques verbais/ideológicos, de todos os lados. Falsyane está no alto, sob os holofotes, é ímpar, pode ser usada por qualquer um que precise comprovar algo. Mesmo uma besteira. Missão cruel? Ou papel vital para a contemporaneidade, hein? Besteira? Pode ser. Porque, afinal, besteira atualmente virou tipo um direito básico do cidadão.